terça-feira, 26 de janeiro de 2010

TV e LSD


Abre aspas:

Será que você não notou que o lsd e a televisão a cores chegaram pro nosso consumo praticamente juntos? de uma hora pra outra começa todo esse barulho em torno das cores e o que é que a gente faz? uma fica ilegal e a outra se fode. é evidente que a televisão não serve pra nada nas mãos de quem atualmente está; argumento que não tem a menor novidade, porra todo mundo já está farto de saber disso. e soube que, numa batida recente, um agente policial recebeu na cara um jato de ácido, jogado por um pretenso fabricante de drogas alucinógenas, o que me pareceu um pouco deperdício. existem algumas razões fundamentais para se banir o lsd, o dmt e o stp - uma pessoa pode ficar desiquilibrada pra sempre - , mas o mesmo se aplica pra quem colhe beterrabas, aperta parafusos pra General Motors, lava pratos ou ensina inglês em universidades locais, se se fosse proibir tudo que provoca loucura, a estrutura social em peso ruiria por terra - o casamento, a guerra, o serviço de transportes coletivos, os matadouros, a apicultura, a cirurgia, o que se queira incluir, qualquer coisa pode levar um homem à loucura, pois a sociedade está estruturada sobre estacas falsas.

Fecha aspas.

Um bode
Bukowski, em Fabulário geral do delírio cotidiano

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Ele tá certo...


Abre aspas:

A imprensa é uma gangue de covardes impiedosos. Jornalismo não é uma profissão, não é nem mesmo um ofício. É uma saída barata para vagabundos e desajustados - uma porta falsa que leva à parte dos fundos da vida, um buraquinho imundo e cheio de mijo, fechado com tábuas pelo inspetor de segurança, mas fundo o bastante para comportar um bêbado deitado que fica olhando para a calçada se masturbando como um chipanzé numa jaula de zoológico.

Fecha aspas.

Hunter S. Thompson
Medo e Delírio em Las Vegas

quinta-feira, 26 de março de 2009

Within you, without you


We were talking...
about the space between us all
and the people
who hide themselves behind a wall
of illusion
never glimpse the truth
when it's far too late...
when they pass away.....

We were talking about the love we all could share
when we find it...
to try our best to hold it there
(with our love)
With our love we could save the world,
If they only knew.......

Try to realise its all within yourself
no one else can make you change,
And to see you're really only very small
and life goes on within you
and without you.

*

We were talking
about the love thats gone so cold
And the people
who gain the world and lose their soul
they dont know
they cant see..
Are you one of them?...

When you've seen beyond yourself
then you may find peace of mind is waiting there
And the time will come when you see
we're all one and life goes on within you and without you.

The Beatles
(George Harrison)

OBS.: Ainda não havia postado nada dos Beatles, por incrível que pareça. E comecei com um "Lado B".

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Como disse Kafka:


O poeta tem a tarefa de levar aquilo que é mortal e isolado à vida infinita, o acaso ao legítimo. Ele tem uma tarefa profética.

Tudo o que não é literatura me aborrece, e eu odeio até mesmo as conversações sobre literatura.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

DESORDEM


meu assunto por enquanto é a desordem
o que se nega
à fala

o que escapa
ao acurado apuro
do dizer
a borra
a sobra
a escória
a incúria
o não-caber

ou talvez
pior dizendo
o que a linguagem
não disse
por não dizer
porque
por mais que diga
e porque disse
sempre restará
no dito o mudo
o por dizer
já que não é da linguagem
dizer tudo

ou é
se se
entender
que
o que foi dito
é o que é
e por isso
nada há mais por dizer

portanto
o meu assunto
é o não-dito não
o sublime indizível
mas o fortuito
e possível
de ser dito
e não o é
por descuido
ou por intuito
já que
somente a própria coisa
se diz toda
(por ser muda)

é próprio da palavra
não dizer
ou
melhor dizendo
só dizer

a palavra
é o não ser
isto porque
a coisa
(o ser)
repousa
fora de toda
fala
ou ordem sintática

e o dito (a
não-coisa) é só
gramática
o jasmim, por exemplo,
é um sistema
como a aranha
(diferente do poema)
o perfume
é um tipo de desordem
a que o olfato
põe ordem
e sorve
mas o que ele diz
excede à ordem
do falar
por isso
que

desordenando
a escrita
talvez se diga
aquela perfunctória
ordem
inaudita

uma pêra
também
funciona
como máquina
viva
enquanto quando
podre
entra ela (o sistema)
em desordem:
instala-se a anarquia
dos ácidos
e a polpa se desfaz
em tumulto
e diz
assim
bem mais do que dizia
ao extravasar
o dizer

dir-se-ia
então
que
para dizer
a desordem
da fruta
teria a fala
— como a pêra —
que se desfazer?
que de certo
modo
apodrecer?

mas a fala
é só rumor
e idéia
não exala
odor
(como a pêra)
pela casa inteira

a fala, meu amor,
não fede
nem cheira

Ferreira Goulart

Um começo

Com toda a lisença de meu amigo e companheiro de blog, Fred Resende, com Z, criei este blog, para postar textos diferentes daquele visto no No Prelo. Mas os dois se confundem. Afinal, não há como separa a vida política da cultura, de todos os aspectos da vida. Somos impregnados por tudo que nos rodeia.

Vou tentar manter ao máximo este blog atualizado. Nem que seja para somente eu mesmo ler.

Abraços a todos...